Caio Cardoso Tardelli
Caio Cardoso Tardelli é poeta e amante da contribuição inequívoca que o movimento simbolista legou à literatura. Comenta que a escrita surge em sua vida com o descobrimento dos clássicos brasileiros “principalmente os Românticos – e da inevitável necessidade de se expressar por meio da palavra-música”, destacando assim aliterações, assonâncias e outras figuras de estilo que conferem musicalidade aos escritos deste autor. Ele destaca a importância que “o desenvolvimento formal e melódico, ou seja, os meios pelos quais o poema ganha os seus contornos definitivos” tem em seu processo criativo.
Sua dedicação à escrita passa pela pesquisa permanente de autores simbolistas, e sua relevância histórica, que têm grande influência em seu estilo literário, definido como pós-simbolista: “Sou pós-simbolista, possivelmente, e meu alicerce poético vai de Baudelaire, Cruz e Sousa, até Verlaine, Guilherme de Almeida, Onestaldo de Pennafort, Stefan George…”.
O autor escreve valiosos artigos em revistas literárias virtuais e blogs, ensaios e análises nos quais divide com o público suas descobertas de obras e autores, e contextualiza as características de diversos movimentos literários brasileiros, principalmente daquele que melhor referencia sua própria criação. Pareceria que Tardelli percebe que algumas das características do simbolismo são urgentes em nossos tempos, como a necessária valorização da emoção em detrimento da racionalidade material vigente, principalmente quando acompanhada do reconhecimento de que os sonhos e a imaginação permitem criar alternativas para cotidianos intempestivos e amalgamantes.
Em seu artigo O Pós-Simbolismo e o Neo-Simbolismo na Contemporânea Poesia o autor estabelece importante relação destes movimentos, e suas características, com a criação poética atual, “… o Simbolismo, apesar de não ter saído de um aspecto marginalizado em nossa literatura, é um dos movimentos literários que mais se evidenciam em espelhamentos na poesia do hoje. E que se esclareça que não me referencio ao simples uso de símbolos – comum a qualquer tipo de arte, desde sempre –, mas à alegorização dos símbolos, às suas idealizações, ao constante conflito etéreo/urbano presente em muitos poetas contemporâneos, à fluidez sugestiva, hermética dos versos, e, não surpreendentemente, ao retorno da torre de marfim às temáticas contemporâneas”. O culto à forma e ao símbolo – que carrega significados adjacentes –, e os usos metafóricos da linguagem, permitem aprofundamentos textuais e novas leituras, numa clara busca de subjetivação dos conteúdos.
Como menciona o poeta e doutor em estudos literários, Ivan Justen Santana, em suas Palavras de Apresentação de Perfumes que ficam, obra poética do autor lançada pela Editora Kazuá: “É uma alegria mais que simbólica apresentar este livro. O próprio surgimento de um poeta e crítico (poeta-crítico e crítico-poeta) tal qual Caio Cardoso Tardelli é algo a celebrar, entre quem quer que atente à literatura brasileira”.
Caio Cardoso Tardelli nasceu em São Paulo, Capital, a 22 de Maio de 1990. Estreou em 2012 com o livro “Poética das Quimeras”, lançado pelo selo Futurarte, da Editora Multifoco. Já participou de antologias nos gêneros de poesia e conto. Escreve ensaios sobre o Simbolismo e publica seus poemas na Revista Mallarmargens de Poesia e Arte Contemporânea. Publicou “A Torre Invedada – Vinte Ensaios Sobre o Simbolismo Brasileiro” em 2015, pela Maçã de Vidro (selo da Lumme Editor).
Sobre o livro: Em 2012, Caio era um poeta que demonstrava potencial. Neste 2015, seus Perfumes que ficam o comprovam, e ficarão como exemplo de uma obra poética que tomou corpo e impulso. Sua poesia aponta um passado merecedor de mais atenção, e se projeta a um futuro agora nas tuas mãos – leitor, leitora: saboreie estes perfumes à sombra dos jardins, e deguste a leveza deste brevifloro.
As sinestesias potenciais de tais aromas, cores, sons e sabores agora estão aos teus cuidados. (Ivan Justen Santana)