Cícero Gilmar Lopes

Nascido numa pequena cidade de Alagoas chamada São José da Laje, o autor se muda para São Paulo aos nove anos. Antes da minha família se estabelecer em Cubatão, moraram um ano em Santo André. Para São José só voltou aos cinquenta, numa viagem de reminiscências.  Filho de Guilherme e Dona Enercília, ele operário e ela do lar, não tiveram tempo para formação, estudo, só tiveram tempo para os filhos: quinze nascidos, dez criados e espalhados pelo mundo. Cícero fio o último. Formado administrador em Saúde, pós-graduado em Auditoria. O mundo o inspira. Suasreferências literárias mais fortes são Wood Allen, Luiz Fernando Veríssimo, Terry Gillian, Fernando Sabino, João Ubaldo Ribeiro, Nelson Rodrigues e obras diversas de diferentes autores que por motivos de afinidade conceitual vieram de encontro ao seu processo criativo.

 

Sobre o livro: “Assombrados é romance alegórico e polifônico, onde cada personagem atua de acordo com sua visão do todo. O título se refere a Assombrados, uma cidade fictícia onde a população tem um único desejo deixá-la para ascender a cidade Alta. Contra isso existe uma barreira, um guardião que os impede. Quando um sujeito da Cidade Alta chega em Assombrados, desencadeiam-se várias situações que transformarão a vida das pessoas e da própria cidade.”

Assombrados é uma cidade que não encontraremos na relação dos cinco mil e tantos municípios que o Brasil soma e nem iremos obter sua localização nos mapas oficiais. É uma cidade prima da Terra do Nunca, parente da distante Akakor e da nebulosa Hybrazil, chegada ao continente de Um. É uma cidade fantasma, secreta, ignorada! É um mundo onde tudo é possível, onde ninguém se espantaria se surgissem no céu mulheres voando em vassouras, se o vizinho da montanha fosse um gigante cabeludo ou se os animais falassem e as plantas também se movessem, porque Assombrados é uma narrativa alegórica, sobrenatural, surreal e fantástica.

Fragmento de Assombrados de Cícero Gilmar Lopes:

 “Zé Menino é um sobrevivente.

Nasceu fraco e desnutrido, resistiu à morte por uma promessa feita ao ‘Padim’ Ciço.

Escapou da grande enchente de 69 em São José da Laje. Menino, foi morador de Vila Parise, onde caminhou com a violência estúpida e a poluição absurda. Sofreu, em seus dias de vítima, do bulling escolar que em sua época nem tinha esse nome. Derrotou as lombrigas e a esquistossomose. Venceu a timidez. Adotou a fábula, ainda que padecesse sua dor por trás das coxias. Ancorou-se nas letras e no sonho. Acredita firmemente que o homem é possível e que o mundo merece e pode ser salvo.”