Leopoldo Comitti

Leopoldo Comitti nasceu em Rio Negro – PR, em 03 de abril de 1956. Cursou Letras (UFPR), Especialização em Literatura Brasileira (UFPR), Mestrado em Literatura Brasileira (UFMG), Doutorado em Literatura Comparada (UFMG) e Pós-Doutorado em Comparada (UFF).

Em Curitiba, foi um dos fundadores da Coo-editora, pela qual publicou Jornada(contos), e As manhas da Filó (infantil).

Foi Professor Adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto, onde, além das atividades de ensino e pesquisa, também se dedicava formal e informalmente a oficinas de criação poética. Lá publicou Fundo Falso, sou primeiro livro de poemas. Obteve uma Bolsa de Escritores da Biblioteca Nacional, em 1999, na categoria de Poesia, com Por Mares Navegados. Foi também premiado, na mesma categoria, no IV Festival universitário de Literatura, com Jardim Inóspito.

Em 2012, publicou O Menino Debaixo da Mesa (poemas), e Natureza Morta(romance). Em 2014, lançou, pela Patuá, A Mordida do Cordeiro.

Sobre o livro: “Em O Centro do Círculo, Leopoldo Comitti demonstra a consolidação de uma mitologia pessoal, engendrada inicialmente no livro anterior, A mordida do cordeiro. Logo de saída, no primeiro poema, descemos ao inferno com o eu lírico numa releitura do canto I de A divina comédia, de Dante Alighieri, à qual se misturam elementos do Hades dos antigos gregos. O inferno, neste caso, é toda uma paisagem psíquica em que se manifesta não a culpa cristã, mas uma ambígua nostalgia por um passado que se apresenta à memória como os escombros das experiências vividas. E o livro inteiro, aliás, revela a tentativa de se edificar a partir de ruínas; de se recompor, por meio da forma poética, a unidade de um eu dilacerado pela consciência das contradições inerentes à situação de ser e estar no mundo, em fricção permanente com o tempo. Trata-se de reunir, no centro sempre cambiante de um círculo imperfeito, os fragmentos dispersos da vida.” (Emmanuel Santiago)

“Creio que a marca de um grande poeta se revela quando o seu verso se torna capaz de suscitar, de forma cruelmente espontânea, o clássico lamento de Mallarmé, para quem a carne continua ‘triste’ mesmo depois da leitura de todos os livros… ‘La chair, hélas, est triste, et j’ai lu tous les livres’, dizia.

De forma cruel e espontânea, assim, a poesia se torna pungente e dá sentido ao exercício lírico quando congrega tanto a experiência do diálogo com a tradição literária quanto a experiência de mundo vivida pelo poeta. Vale dizer: experiência de mundo e de submundo, de altos e baixos, de momentos de conformação e outros de marginalidade… porque nossa vida, apesar de una, é como uma colcha feita de retalhos, de modo que em cada recorte nos vemos como atores submissos ao palco do Tempo, no qual atuamos funções diversas à medida que avançamos em idade, em amores e ocupações.

A poesia espontaneamente reflexiva, bela e intensa do escritor Leopoldo Comitti revela o traço inconfundível de sua grandeza enquanto poeta.” (Dirlenvalder Loyolla é doutor em Literatura e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará/UNIFESSPA).