Mateus Araujo

Ele poderia ter escrito um manual. Mas manuais são chatos, o que não combina com a alegria e a dinâmica do cronista, professor de Educação Física e agitador cultural Mateus Araujo. Então ele nos presenteia com uma deliciosa leitura sobre expectativas e descobertas ao ser pai pela primeira vez. O que encanta, e que o diferencia, é essa mescla saborosa que traz, ao leitor, emoções, sensações, cultura pop, poesia e arte. Tudo num ritmo ágil, que prende e encanta. Da sátira ao sentimental, o cronista passeia com a perfeição de um bailarino acostumado aos palcos. Difícil de acreditar que é seu primeiro livro.

Uma frase do autor resume tudo: “que bom que vai ser assim, sem saber como vai ser”. É isto. O que é o livro, a vida, a literatura. O mistério da paternidade. Do cerimonial para fazer dormir às tragicomédias do cotidiano, situações embaraçosas ou de extrema ternura, tudo ganha as pinturas especiais do cronista. O que somos, pais e filhos. Dá gosto ler, reler, abraçar o autor, conhecer sua família. E lembrar o óbvio: somos humanos e a vida é bela em seus detalhes. Saboreiem este livro. Encantem-se, chorem, soltem gargalhadas. Que manuais são chatos. Mas o Mateus é maravilhoso. E que bom que é assim.

Oscar Bessi Filho, escritor.

Sobre o livro: Neste livro de crônica intitulado NOTAS DE UM PAI GRÁVIDO o autor Mateus Araujo empreende uma análise resignada da gestação e seus dilemas na perspectiva ótica do homem inferindo relevância em seus peculiares, e oportuno se faz este contraponto sociológico. Quando nossa referência “natural” nos aponta singelamente certa exclusividade deste fenômeno condicionado ao interesse e conhecimento vertido unilateralmente ao universo feminino, as experiências da paternidade desveladas e partilhadas nestas crônicas assinaladas num compêndio de notas “leves”, que apesar de bem-humoradas remetem ao leitor reflexões e descobertas que percorrem observações desde a gravidez até os primeiros meses de idade do bebê, o que de certa forma se estabelece como um resgate da presença paterna e da família na constituição do indivíduo, e também nos apresenta a “oculta” sensibilidade masculina.