
Eugênia, de Miriam Halfim
Modelo:978-85-5565-025-3
Eugênia, amante do príncipe D. João VI, volta do mundo dos mortos, disposta a refazer a versão oficial da história. A personagem destila com muito charme e uma pitada de mundanismo, as suas memórias póstumas. O leque de possibilidades identitárias apresentado pelo texto de Miriam Halfim sobre a virada do século XVIII para o século XIX, produz uma série de indagações e questionamentos do cotidiano desta personagem, que vivenciou as transformações decorrentes de muitos elementos contingenciais.
O texto reafirma o interesse da autora pela reconstituição histórica e o registro crítico do olhar feminino sobre as transformações do mundo. Eugênia especula sobre a inserção do feminino na sociedade e, em vários fragmentos de sua fala, evoca não apenas sua trajetória, mas dialoga com as inúmeras mulheres 'expostas' na cena. O texto impõe com certa ironia uma reflexão sobre os valores que subsistiam no Brasil e em Portugal, em termos de inconformismo, de mobilização e de crítica social. Eugênia afirma que 'está morta e está ótima' e 'vaga' diante dos leitores expondo com olhar apaixonado os subterrâneos e as nuances históricas evocadas pelo texto de Miriam.