
Amanda Moreira da Silva é moradora do Rio de Janeiro (RJ), doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autora dos livros Tempo e docência (2017), Formas e tendências de precarização do trabalho docente (2020) e Trabalho docente sob a lógica privatista empresarial (2021).
Sinopse
Na sociedade da viralização da informação frequentemente adoecem os fatos. Nas redes sociais, com ainda mais frequência, se fomentam e se naturalizam as antiquíssimas formas de comportamentos antissociais. Tudo isso escancara a necessidade de uma leitura ética do mundo em que as garantias de segurança se acabam dia após dia.
É nessa encruzilhada épica onde nasce o livro de Amanda Moreira. É justamente pela difícil legibilidade do que vivemos e precisamos superar que esses mais que relatos da autora procuram nos ajudar a ler o que a crise fez de nós.
O que Amanda viveu dificilmente se esgota num diário pessoal. Sua cronologia do caos cotidiano nos diz respeito. Tem sangue, tem nossos afetos transformados, nossas cicatrizes, as esperanças, solidariedade e indignações desafiadas pela perversidade com que a pandemia de covid-19 se desenvolveu em um ambiente político degradado pelo fascismo. E nisso não há o menor exagero. Há sim, uma ferocidade inconformista e a generosidade que une quem desabotoa a alma em tempos de clausura a todos nós que descobrimos que não há segurança ou salvação individual. A fluidez das críticas e descrições da autora sobre os inesgotáveis absurdos que vivemos no Brasil contemporâneo não se oferece à leitura como tradução ou como parte da produção de cunho acadêmico da teórica qualificada e comprometida que escreve. A tarefa proposta é necessária. É, do ponto de vista de uma ética pela justiça, uma tentativa de trazer a esperança pelos cabelos para fora do lodaçal movediço que foi batizado de novo normal. Pois a fé na justiça envolve olhar nos olhos da dor enquanto ela dói. E, a partir daí, como uma vez foi escrito de dentro do cárcere, fazer nascer o que é verdadeiramente novo.
(Dário Souza e Silva Filho, professor do Instituto de Ciências Sociais da Uerj)